INSPIRE-SE...
Leia o relato de parto lindo e esclarecedor de Fabrícia Fernandes!
Parto humanizado, natural e domiciliar .
O objetivo deste relato é inspirar e encorajar outras mulheres e incentivá-las a se conhecerem amplamente. Conhecerem seus medos, inseguranças, traumas e também conhecer o que lhes faz bem e as deixam seguras. Conhecerem seu corpo. E, sobre o parto, buscar informações para que assim possam tomar decisões conscientes.
Minha filha Lara nasceu aqui em casa às 14 h e 56 min, do dia 07/04/2017, pesando 3.095 kg e medindo 46,5 cm.
Tenho cesárea anterior, pois tive placenta prévia na primeira gestação em 2012.
Após estudar sobre a fisiologia do parto, hormônios envolvidos, como funcionam e para que servem as contrações, técnicas de respiração e posições do corpo que favorecem ou prejudicam o trabalho de parto, parto e nascimento. Além de estudar sobre as intervenções hospitalares de rotina feitas na mulher e no bebe, conclui que (conhecendo como me conheço) a minha casa era o lugar onde eu me sentiria mais segura e à vontade para fazer tudo o deveria ser feito para facilitar o parto.
Me preparei física e emocionalmente, independentemente do que fosse acontecer: fiz o curso sobre períneo com a Renata Machado e também yoga para gestantes. Fiz fisioterapia perineal e watsu com a Viviane Manso. Além de dieta (lowcarb) e caminhadas. Participei de rodas de discussão sobre o parto humanizado, presenciais e no whatsapp.
No dia do parto acordei às 6 com contrações mais fortes acompanhadas de cólica, tipo cólica menstrual. Entre 6 e 7:30 tomei dois banhos e fiz cocô três vezes e como as cólicas não passaram, eu estava em trabalho de parto. Durante as contrações, eu respirava fundo e ficava de cócoras, movimentando o quadril e pulsando para baixo, me sentia bem fazendo isso. Só consegui monitorar o ritmo das contrações por 30 min e o aplicativo ficava me dando alertas de ir para o hospital (rsrsrs).
Avisei a equipe Obstare, a doula Juliana Santini Racca e a fotógrafa Cristiane Pereira o que estava acontecendo e fui tomar café da manhã. Comi rápido e corri pro meu quarto fechei a porta e fui novamente pro chuveiro. A cada contração eu fazia o que meu corpo mandava e lembrei muito das posições que aprendi na yoga e fisioterapia. Ficava feliz com as contrações mais longas e não desperdicei nenhuma contração, sentia que ia dilatar rápido.
Quando me dei conta, todas as mulheres que me ajudariam já estavam aqui em casa.
Por volta das 10:30 eu já estava com 8 cm de dilatação, muitos puxos e não sei precisar quanto tempo depois, já estava com dilatação total.
Um parêntesis sobre a tão temida dor do parto que, a propósito, eu não senti. Explico:
(As contrações vinham acompanhadas de tipo uma cólica menstrual forte e, objetivamente falando, é fato que cólica menstrual forte dói. Mas não era assim que EU sentia. Eu ficava feliz e vibrava com cada contração, que duravam entre 30 segundos e 1 minuto e 15 segundos e quanto mais longa a contração, mais efetiva e eu aproveitava até o último segundo, não ficava sentindo a dor e sofrendo ou lamentando, eu sabia o que fazer e respirava e sabia que precisava abrir a garganta para abrir o canal de parto. E assim fiz! Respirava fundo e botava o ar pra fora pela garganta através de um urro gutural, vocalizava, era algo bem animal, selvagem mesmo. Enfim, não senti a tão temida dor do parto e dilatei rápido).
Mas a Lara não nascia e na minha cabeça a equação era: dilatação total = bebê nascer. Mas a vida não é uma equação matemática e mais uma vez veio me mostrar que a única certeza que temos é que não temos o controle de nada.
Então, eu fiquei com medo, me desesperei, pedia ajuda, pois não sabia mais o que fazer... as meninas falavam pra eu ter calma que a Lara iria nascer quando estivesse pronta, quando o pulmão dela estivesse pronto e sugeriram que eu fosse para a água. Enquanto a banheira inflável ficava pronta, eu fiquei na bola de pilates.
Sentia muita pressão nos quadris, que era aliviada pelas mãos da doula e da Denise. Além disso, ouvia palavras positivas da fotógrafa e a Kátia me lembrava de aliviar a tensão da testa e maxilar.
Eu queria muito que desse certo! Pois não gosto de hospital e meu pânico era ter que ir para o hospital naquele momento. O hospital era meu último plano, a que recorreria somente em caso de risco de vida meu ou do bebe. Eu estava bem, mas os batimentos cardíacos da Lara durante as contrações estavam perto do limite mínimo de segurança aceitável. Mas a equipe que me acompanhava, muito experiente e competente, percebeu que dependendo da minha posição durante as contrações, os batimentos cardíacos do bebê ficavam bem e que se eu ficasse em quatro apoios, estaria tudo certo.
Mais puxos, então eu fui para o rebozo amarrado na escada da sala e ficava de cócoras durante as contrações e na sequência projetava o tronco para frente.
Senti que estava queimando, mais duas ou três contrações a Lara nasceu! A cabeça quando eu estava de cócoras e o restante do corpo quando eu me inclinei para frente.
Sentei e peguei meu bebê, ela veio direto pro meu peito e quis mamar! Cordão ficou ligado até parar de pulsar, placenta saiu naturalmente! Períneo ficou íntegro, sem lacerações! A amamentação fluiu naturalmente e estamos muito bem! Me sinto plena, forte e realizada! Fiz algo grandioso e tenho a certeza da presença de Deus aqui em casa.
Meu marido foi fantástico! De uma inteligência emocional e perspicácia sem igual. Ele sempre me apoiou, incentivou, ajudou, participou, enfim foi presente.
No dia 07/04/2017 eu renasci, minha filha nasceu e minha família ficou mais forte, unida e completa.
Amei