TEORIA DO APEGO
A Teoria do Apego foi desenvolvida por John Bowlby, e
contemplada na obra de Donald Winnicott
em meados do século XX. Deu origem ao conceito de "Criação
com Apego" (Attachment Parenting), que defende uma educação segura, empática,
rica em afeto e amor,e visa criar laços familiares mais estreitos e, assim, um mundo mais compassivo.
O que Bowlby chama de
"figura de apego" é a
mãe, o pai ou a pessoa que assume ativamente o papel principal de cuidar do
bebê. Usaremos neste texto o termo "mãe", como referência à figura de
apego. Neste contexto, definimos apego como
a ligação emocional que se estabelece ente os pais e o bebê.
Nos primeiros meses de vida, o recém-nascido não tem
a menor noção de que ele é um ser separado da mãe. A essa simbiose
chamamos "fusão", e ela
é necessária ao desenvolvimento do sentido de "pertencimento".
A vivência de uma relação calorosa,
íntima e constante com a "mãe", na qual ambos possam encontrar
satisfação e prazer, é essencial para o bebê. Esta relação saudável com a
"mãe" nos primeiros anos de vida, constitui a base para o
desenvolvimento da personalidade e da
saúde mental do indivíduo.
Segundo Bowlby, "o apego é um estado interno,
definido pela disposição para buscar proximidade e contato com uma figura
especifica, tendo como aspecto central o
estabelecimento do senso de segurança".
É necessário que a criança sinta-se segura e protegida pela "mãe", desta relação de confiança, serão
construídas as futuras interações deste indivíduo com outras pessoas e
situações em sua vida.
A criança sente-se mais confiante e protegida quando
recebe atenção. Quando é atendida, acolhida e confortada sempre que
necessita, ela desenvolve a confiança em
outras pessoas e em diferentes situações, tornando-se mais independente e
segura para explorar seu ambiente.
Do Apego Seguro, geralmente crescem crianças mais livres para
brincar com outras crianças e que reagem com mais tranquilidade quando deixadas
em ambientes diferentes. Nas relações familiares, tendem a ser mais amigáveis e
espontâneas com os pais, pois se sentem seguras
e confiam na disponibilidade destes para auxiliá-las de forma afetiva em
situações adversas.
No Apego
Inseguro-Ambivalente, quando suas necessidades não foram adequadamente
atendidas, a criança desenvolve a
"angustia da separação". Ela não consegue ter confiança na
"mãe" como base segura para explorar o ambiente de modo saudável. Ela
tende a antecipar respostas negativas por parte dos pais e manifesta a
ansiedade de ser esquecida ou abandonada. Outra possível consequência, é uma relação mãe-filho próxima
demais, indiferenciada, simbiótica e extremamente dependente. Ocorre a falta de
limites e um grau de intimidade inadequado.
No Apego
Inseguro-Evitativo ou Esquivo, a criança que não teve suas necessidades satisfeitas a
contento e não estabeleceu uma relação de confiança com a
"mãe", ela pode tornar-se insegura, instável, explosiva e esquiva,
inclusive em seus relacionamentos futuros, baseada em seu sentimento de
rejeição na infância. Existe uma forma de coerção usada pelos pais de crianças
deste tipo: a ameaça de abandono. A
criança não sabe se receberá ajuda dos pais caso precise. Ela se acostuma a
ficar "bem" sozinha e na presença de estranhos, e tende a não buscar
conforto e intimidade com os pais, esquivando-se do contato mesmo em situações
de estresse.
Na criação com apego
são considerados os aspectos biológicos, psicológicos e emocionais de
cada fase de desenvolvimento da criança.
Enquanto ela é pequena, é incapaz de qualquer manipulação, durante o primeiro
ano de vida, as necessidades e desejos são a mesma coisa para ela. É vital para
o bebê comunicar suas necessidades e que estas sejam tratadas com atenção. Para
isso as "mães" devem ser "mães" por inteiro, criando um
forte vínculo com seu filho, sendo receptivas, sensíveis e disponíveis para atender às necessidades da
criança.
A ONG ATTACHMENT PARENTING INTERNATIONAL (API)
definiu oito princípios que promovem o apego saudável, também chamados de
PRINCÍPIOS PARA UMA EDUCAÇÃO INTUITIVA:
1-Preparar-se verdadeiramente para a gravidez, parto
e maternidade/paternidade.
2-Alimentar
seu filho com amor e respeito.
3-Responder às solicitações da criança com
sensibilidade.
4-Estar atento
à qualidade do toque.
5-Prezar pela qualidade física e emocional do sono da
criança de forma que ela se sinta segura dormindo.
6-Sustentar atitudes carinhosas.
7-Praticar a disciplina positiva, baseada no reforço
das boas atitudes.
8-Buscar o
equilíbrio na vida familiar.
Winnicott criou a expressão: "mãe suficientemente
boa" ou "mãe dedicada normal",
para definir uma condição psicológica muito especial que ocorre com a
mulher no final da gestação e nas semanas que sucedem o parto. Ela se volta
para a maternidade, sua sensibilidade aumenta e ocorre uma certa dissociação
com o mundo externo, isso é considerado normal nesse período. Ocorre um
movimento regressivo da mãe na direção de suas próprias experiências enquanto
bebê e das memórias acumuladas ao longo da vida, relativas ao cuidado e
proteção da criança. A capacidade da mãe em se identificar com o filho,
permite-lhe satisfazer a função definida por Winnicott como "holding". Ela é a base para o
que gradualmente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. A função
do holding em termos psicológicos é
fornecer apoio egóico, principalmente na fase de dependência
absoluta do bebê, antes do aparecimento da integração do ego. O holding inclui principalmente o segurar
fisicamente o bebê, que é uma forma de amar. Quando a "mãe" toca o
bebê, manipula, aconchega e fala com ele, promove um arranjo entre o corpo físico e a
psique e, principalmente ao olhá-lo, ela se oferece como um espelho onde o bebê
pode se ver. O holding é necessário desde a dependência absoluta até a
autonomia do bebê, ou seja, quando os espaços psíquicos entre este e sua mãe já
estão definidos. Isto vai ocorrendo natural e gradativamente.
Na dependência absoluta, o bebê depende inteiramente da mãe para
sobreviver, para ser e para realizar sua tendência inata à integração em uma unidade. Aos poucos, ele
vai buscando um "objeto transacional
" e segue em direção à dependência relativa. A transacionalidade marca o
início da quebra da unidade mãe-bebê e o objeto transacional tem a
indispensável função de amparo, por substituir a mãe que vai encontrando uma
distância saudável de seu bebê.
No período de dependência relativa o bebê vive estados
de integração e não-integração, forma os conceitos de eu e não-eu, mundo
externo e interno, podendo seguir em seu amadurecimento e independência, que
segundo o autor, nunca é absoluta, pois o indivíduo sadio não se torna isolado,
mas se relaciona com o ambiente de tal modo que se tornam interdependentes.
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