Meninas,
Achei muito interessante esta entrevista, um médico muito sério falando sobre o estresse nesta fase tão delicada.
Ele comenta sobre a prática da Yoga durante a gestação, como uma ferramente benéfica nesta fase delicada.
Espero que seja útil para você,
Namastê
Retirado de: http://bebe.abril.com.br/materia/estresse-a-importancia-de-combate-lo-na-gravidez
Saúde
Estresse: a importância de combatê-lo na gravidez
Getty Images
O nervosismo é um inimigo poderoso da gestação
saudável. Entenda por que é fundamental pegar leve no trabalho, na
alimentação e até nos papos deprê com as amigas
No saguão da clínica do ginecologista e obstetra Carlos Eduardo
Czeresnia, num bairro elegante de São Paulo, chama a atenção uma parede
com cerca de 10 metros de comprimento coberta do teto ao chão por fotos
de bebês e pais sorridentes. São crianças que vieram ao mundo pelas mãos
dele e de sua equipe ao longo de mais de 30 anos realizando partos.
Médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, casado com
uma designer de jóias e pai de cinco filhos, com idades entre 10 e 28
anos, Czeresnia se destaca entre os colegas por uma visão humanista e
sensível da gestante. "Vivemos numa sociedade que exige muito dos
indivíduos e trata com dureza a mulher grávida numa fase em que é
natural esperar uma queda na capacidade produtiva", diz. O médico
acredita que, enquanto está gestando - ou seja, zelando pela preservação
da espécie -, a mulher deveria se cuidar mais, se poupar e buscar ser
ainda mais feliz. Como fazer isso quando se trabalha fora, em tempos de
mercado de trabalho enxuto, demandando longas jornadas, e tanto temor de
desemprego? Confira as respostas nesta entrevista.
Muitas grávidas se sentem cheias de energia, quase onipotentes; outras não têm pique para nada. Só os hormônios explicam isso?
Carlos Czeresnia: Não. Existem aspectos emocionais, psicológicos e da
constituição de cada mulher que também influenciam, além de fatores
ambientais. Quem já tem uma vida ativa e conta com um ritmo metabólico
maior provavelmente seguirá o mesmo padrão na gravidez. Já aquelas que
são mais sedentárias talvez não tenham todo esse pique. Quando a
gestação foi muito desejada, é mais comum que a mulher se sinta muito
bem, feliz e disposta. O próprio aumento de fluxo circulatório e as
alterações vasculares que favorecem a irrigação cerebral e dos músculos
proporcionam mais ânimo e capacidade de atuar no dia-a-dia. Por todos
esses fatores, a gestação é um período de grande energização da mulher.
Tanto que, até os anos 70, os russos e búlgaros faziam suas ginastas
engravidarem e abortarem um pouco antes das Olimpíadas como forma de
melhorar a capacidade física e o desempenho delas.
Sendo assim, não é natural pensar que a gestante deveria se
tornar ainda mais produtiva no trabalho? Faz sentido uma tese que ainda
vigora em muitas empresas, a de que mulher grávida "encosta"?
Carlos Czeresnia: Esse preconceito vem dos primórdios da entrada da
mulher no mercado de trabalho, décadas atrás, quando, de fato, a
gravidez estava muito relacionada com absenteísmo. Mas é claro que,
grávida, ela não tem a mesma capacidade produtiva de antes. Ou pode até
ter, mas vai pagar caro por isso: precisará fazer um esforço
sobrenatural para compensar as alterações físicas e neurais promovidas
pela gravidez. A mãe natureza deu à mulher as condições necessárias para
a geração de um filho, que continuará a espécie. Então, toda a energia
dela está sendo gasta no desenvolvimento do bebê. A gestante tem aumento
de 30% no metabolismo: o coração bate mais depressa, os pulmões
funcionam mais, os vasos sanguíneos se dilatam. Se ela despende muita
energia em outras coisas, sobrará menos para o corpo preparar o bebê.
Mas a verdade é que estamos numa sociedade que exige muito de todos os
indivíduos e trata com dureza a mulher grávida.
A sabedoria popular diz que gravidez não é doença.
Carlos Czeresnia: Não deve ser encarada como doença, mas é um estado de
maior fragilidade. As gestantes têm que diminuir as situações de
stress, porque estão mais vulneráveis do ponto de vista emocional. São
mais cíclicas, alternam estados de alegria e depressão. Muitas vezes,
condições que normalmente não causariam nada são capazes de desencadear
as reações mais esdrúxulas durante a gravidez. E essas reações liberam
substâncias e hormônios que passam pela placenta e atingem o bebê. O que
podem causar? Não dá para saber, mas que vão fazer alguma coisa, vão.
No ultra-som de quatro dimensões, às vezes vejo bebês com fisionomias
tensas, contraídas. Deduzo que a mãe está sob grande stress. Não dá para
dizer que essa criança vai ser mais neurótica, mas a verdade é que o
stress da mãe acaba interferindo na gestação.
Quais as conseqüências do stress para a gestante e o bebê?
Carlos Czeresnia: Já existem estudos mostrando que um camundongo fêmea
sob situações de stress, como restrição alimentar, barulho e excesso de
luminosidade, tende a produzir menos filhotes do que o animal que teve
condições mais tranqüilas. Na espécie humana também há conseqüências.
Trabalhos clássicos apontaram incidência maior de partos prematuros e
bebês de baixo peso entre enfermeiras americanas submetidas a um regime
de trabalho pesado. O stress libera hormônios que contraem o útero e
diminuem a vascularização. Sob stress, você come pior, sua digestão é
pior, a absorção de nutrientes é pior, a vulnerabilidade a infecções é
maior. Se a gestante leva uma vida estressante, são maiores os riscos de
ter problemas como hipertensão e infecções. Na gestação, defendo uma
política de redução de stress - seja o stress digestivo, evitando
alimentos pesados, seja o do trabalho... Até amigas que vêm com
conversas depressivas e filmes tristes eu sugiro evitar nessa fase.
O que a mulher deveria fazer logo que se descobre grávida?
Carlos Czeresnia: O ideal seria ficar no seu cantinho, sossegada,
comendo tranqüila, levando uma vida pacata, evitando contato com
infecções e problemas. Gosto muito dos exemplos da natureza. Entre os
animais, dá para reconhecer logo uma fêmea grávida pelo seu
comportamento: ela fica mais reclusa, muitas vezes não deixa nem os
próprios parceiros se aproximarem. Descansa mais. Os sintomas típicos de
início da gravidez (cansaço, sonolência, dificuldade de concentração)
provavelmente são mecanismos de defesa da mãe natureza, comportamentos
que garantem condições para o bom desenvolvimento da gestação. Trata-se
de um período fundamental: é quando o embrião se implanta, são
estabelecidos os sistemas de trocas materno-fetais, o sistema
imunológico da gestante entra em ação aceitando ou rejeitando o
desenvolvimento do tecido placentário e começa a ocorrer a dilatação dos
vasos e o início do processo de nutrição do feto. No entanto, está
claro que aquele ideal que mencionei é uma utopia para a mulher de hoje,
que tem uma jornada quádrupla de trabalho (como profissional, mãe,
esposa e administradora da casa).
Se não é possível abrir mão da tal jornada quádrupla, o que dá para fazer para melhorar a qualidade de vida?
Carlos Czeresnia: Dar um break durante a jornada de trabalho é o básico
- parar 15 minutos depois do almoço, sentar num cantinho e colocar as
pernas para o alto. Isso a maior parte das mulheres, até mesmo a
executiva mais atarefada, consegue fazer. Outra estratégia é ter
atividades que reduzam o nível de stress, como meditação e ioga, ou
exercícios físicos, como hidroginástica e alongamento. Também é
importante a grávida ter oito horas por dia de sono. O sono é o grande
reparador.
Quais os seus conselhos para mulheres envolvidas em profissões muito estressantes, como médicas e policiais?
Carlos Czeresnia: Elas têm que encontrar uma forma de relaxar. Isso é
obrigatório. Quem não tem condições de se abster de situações
estressantes precisa ter essa idéia bem presente o tempo todo. A escolha
da válvula de escape vai depender de cada pessoa.
Quais são as recomendações que o senhor dá a suas clientes sobre a alimentação para evitar o stress digestivo?
Carlos Czeresnia: O importante é se alimentar o suficiente para
garantir as condições necessárias e adequadas para ter um bebê saudável.
Existem trabalhos que mostram que jejum prolongado, por exemplo,
prejudica o fornecimento de nutrientes para o bebê. Fora da gestação, a
mulher pode comer uma vez por dia se quiser. Mas, quando se descobre
grávida, tem que passar a se alimentar a intervalos bem curtos, porque o
jejum é ruim para a formação da criança. Por outro lado, se comer muito
de uma só vez, corre o risco de passar mal, pois a digestão é bastante
lenta durante a gravidez. Além disso, quando o estômago se distende
rapidamente, pode desencadear o reflexo do vômito. Digo a minhas
pacientes que elas não precisam almoçar nem jantar, mas, sim, dividir a
quantidade de calorias que devem consumir diariamente pelas 24 horas do
dia comendo como um passarinho: pequenas quantidades em tempo curto.
Mesmo à noite, quando acordam para fazer xixi, devem comer alguma
coisinha, principalmente as que têm vômitos freqüentes. Oriento para uma
alimentação de fácil digestão. Também alerto contra o risco da
contaminação alimentar: em casa ou em restaurantes, não corram o risco
de consumir alimentos deteriorados. Isso porque infecções intestinais
podem provocar lesões fetais. A idéia básica é: preste atenção no que
come; dê preferência a alimentos leves, de fácil digestão; e que sejam
frescos e de procedência segura.
Até quando seria ideal uma grávida trabalhar?
Carlos Czeresnia: Depende de cada pessoa e do tipo de trabalho. Mas
seria interessante que parasse no nono mês ou pelo menos nos últimos 15
dias. A mulher que dá expediente até o finalzinho da gravidez chega
muito cansada ao parto, sem reservas para o que virá depois. O grande
stress vem nos 15 dias seguintes. Aí, com a pilha gasta, ela corre o
risco de ter depressão e dificuldade para amamentar, sem falar nos
problemas de relacionamento com o bebê e o marido. Se estiver mais
descansada na hora de dar à luz, todos saem ganhando. Principalmente o
bebê.
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